“Uma vez escoteiro, sempre escoteiro”
Monsenhor João Penha Filho, natural de Touros/RN, nasceu em 23/06/1926 e com 9 anos entrou como lobinho no 1º Grupo Escoteiro do Mar Almirante Ary Parreiras, que funcionava no Grupo Escolar Isabel Gondim, no bairro das Rocas, em Natal. Com outra mudança de residência, posteriormente, se transferiu para o famoso Grupo de Escoteiros do Alecrim.
Descobrindo sua vocação religiosa, entrou para o seminário em 1941 e em 1947, integrou o Seminário Maior em Fortaleza onde criou um Grupo Escoteiro dentro do Seminário, com a aprovação do Reitor, o que integrou ainda mais os seminaristas.
Foi ordenado Padre em 15/09/1953, em Natal, realizando sua primeira Missa em Touros. Sua primeira missão sacerdotal foi atuar como Vigário cooperador da Paróquia de Santa Cruz, onde resgatou o Grupo de Escoteiros de lá existente. Por todas as paróquias que passou, restaurou e fundou Grupos Escoteiros para as comunidades.
Quando da criação do Grupo de Escoteiros Guy de Larigaudie, Macau, viveu uma experiência excepcional. “Por meio dos escoteiros atingia as famílias e realizava um trabalho de transformação”, afirma o Mons. Penha, “fazendo a educação dos jovens e re-educação dos pais”, pela repercussão do trabalho dos jovens junto aos adultos.
Do trabalho com os escoteiros descobriu a necessidade de criar uma escola de nível secundário, não existente na região naqueles dias. Os próprios escoteiros assumiram a condução da construção da escola. Um era encarregado das finanças; outro era o encarregado dos operários; outros exerciam outras funções, despertando neles a descoberta de vocações profissionais. Até então, as únicas ocupações que existiam em Macau eram de trabalhador de salina, barcaceiro, estivador e conferente (de cargas), profissões que remuneravam muito bem, sem precisar de estudo para desempenhá-las. Essa era a maior dificuldade, em fazer os jovens estudarem. O colégio era totalmente gratuito e mantido pelos operários da cidade. Ainda veio a criar outros Grupos Escoteiros.
A experiência de escotismo missionário do Monsenhor Penha provocou uma revista da França a fazer uma reportagem sobre os trabalhos desses jovens que consistia em acampar nas cercanias dos locais onde o Padre iria fazer seu trabalho de evangelização, e, antecedendo os procedimentos preparatórios para a ação apostólica, faziam sua participação ensinando orações e ensinamentos cristãos. Ou seja, ensinando o evangelho enquanto praticavam o escotismo. De Macau, foi para Roma em 1963 onde cursou Sociologia, período do Concílio Vaticano II. Neste período fez parte do Grupo Escoteiro 31, de Roma, que praticavam o escotismo escondido durante a ocupação alemã. Contava Monsenhor Penha que quando da desocupação alemã, o Grupo 31 de Escoteiros adentrou as portas de Roma com as bandeirolas de Patrulhas como se estivesse realizando uma ocupação. Algum tempo depois da experiência no exterior, voltou a Natal onde assumiu a capelania da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Durante suas viagens à Europa na década de 80, em especifico, uma foi muito importante, quando visitou o Papa João Paulo II, presenteando-o com a lapela da Flor-de-lis brasileira, ele lembra com satisfação a expressão de agradecimento de Sua Santidade ao dizer-lhe: “Uma vez escoteiro, sempre escoteiro”, pois o Papa havia sido escoteiro na juventude. Nessa oportunidade, cursou o Mestrado e o Doutorado em Ética cristã, na Universidade Lateranense, em Roma.
Ao aposentar-se como Padre, foi transferido para Touros onde fundou mais um Grupo, o GEMAR Gaspar de Lemos.
Exerceu a Presidência da Região Escoteira do Rio Grande do Norte nos mandatos de 1995-1997 e 1998-2000 quando iniciou um projeto de convidar jovens seminaristas a fazer cursos de formação da UEB, dando-lhes a orientação necessária para compreender o movimento escoteiro. Foi Vigário Episcopal para a Juventude da Arquidiocese de Natal durante muitos anos. Participou do Conselho Estadual de Educação e Cultura.
Visando ampliar a educação dos alunos e tornar realidade um sonho há tantos anos acalentado, resolve a professora Noilde Ramalho, Diretora Geral do complexo Escolar Henrique Castriciano/Escola doméstica, atender a um apelo do então Presidente da União dos Escoteiros do Brasil no RN, o Monsenhor João Penha Filho, que em carta, solicitava a criação de uma unidade de escotismo no Colégio Henrique Castriciano. E em 01 de novembro de 1997, era instalado o 52º Grupo de Escoteiros Henrique Castriciano.
Escreveu inúmeros livros, e alguns dos títulos foram: “25 anos depois”, “Aids e ética”, “Juventude, opção para uma realidade libertadora” e "Fraternidade de Isis e o Código de Dan Brown".
Dentre outras qualidades o Mons. Penha também tem sua verve de compositor Musical, pois foi o criador do Hino da Paróquia de Santo Afonso, no Mirassol. Na vida artística profana o Padre Penha foi o criador de um conjunto musical, o “Sempre alerta” (para variar), constituído por escoteiros do Grupo Guy de Larigaudie, de Macau, chegando a gravar um Long-Play, em 1968, intitulado “Feito para você”. Algumas das faixas desse discos são de autoria do Pe. Penha. O conjunto se desfez em 1973.
Nos últimos anos era o Capelão do Colégio da Neves, em Natal, dirigido pela congregação das Filhas do Amor Divino, onde existe um grupo escoteiro, G.E. Nossa Senhora das Neves, recentemente reativado sob sua orientação.
Recebeu o título de cidadão honorário em vários municípios como: Natal, Macau, Alto do Rodrigues e Pendências.
Pelos relevantes serviços prestados ao Escotismo Brasileiro recebeu as mais altas condecorações escoteiras, o Tapir de Prata. Recebeu também e a Medalha Velho Lobo por ter mais de 50 anos de prática do escotismo brasileiro.
Retornou ao grande acampamento em janeiro de 2011.
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